A breve passagem por Buenos Aires era pra ser isso mesmo, uma passagem. Resolver as coisas por si mesmo e não ter preguiça de ler e se informar sobre permite coisas do tipo. Quando vi que os voos chegava e saia do Aeroparque, bem na cidade, não deu outra. Optei pela escala mais longa justamente para ver a capital portenha. Conhecer é muito forte, uma vez que não fiquei nem um dia na cidade. Essa parte, ida e volta, está toda documentada nesse post: Buenos Aires.
No dia seguinte a chegada no país vizinho, tomamos o avião rumo a El Calafate, e ali ficaríamos pelos próximos dias. O voo longo equivale a ida de São Paulo a Buenos Aires, 3h. Curioso que no voo entre países a aerolíneas serviu um lanchinho, enquanto que a ida para a patagônia foi quase na seca: deram direito a um cafézinho ou água, quem sabe um refri.
Duas horas e quarenta depois, já era possível avistar na janela do avião, um 737-800, as montanhas cheias de neve e o terreno semiárido.
Chegamos no aeroporto já caindo para locadora de veículos, uma vez que tínhamos pego um coche para a primeira semana. Quando o cara nos levou para as vagas, fiquei torcendo para que fosse um Argo, pura bobeira, é verdade, mas ainda sim me parecia mais carro que o Etios. Para meu azar, era o Etios. Durante a vistoria, percebi a falta da placa, que o funcionário indicou ser a estampada no vidro, uma vez que a placa nova ainda não havia sido emitida. Achei um tanto quanto inusitado, mas em outro país, naquele (no bom sentido e quase literal) fim de mundo, agi com normalidade. Depois de tudo feito, ao entregar a chave o aviso: tenha cuidado com o vento, não abra a porta sem segura-la e dirija sempre mais pro meio da estrada. Tudo muito bom, tudo muito bem. Na estrada que levava até a cidade, o portal era também uma espécie de comando fixo, ou seja, a polícia vigiava quem entrava e quem saía. Parados, claro. A moça pede habilitação da digníssima e manda seguir viagem.
No hostel, fomos informados de que o pagamento via Wise era cobrado com uma taxa adicional, que era cerca de 20 dólares a mais. Totalmente fora de cogitação, uma vez que o valor que carregávamos no cartão era contado justamente para pagamento das hospedagem e não tínhamos efectivo para pagar a acomodação. Com compreensão ímpar da recepcionista, deixamos para resolver depois. O booking não nos ofereceu suporte algum.
Tinha cachorro por todo lado |
Andando pela cidade |
Já era 16h e saímos para dar aquela primeira rodada na cidade, ver as coisas e tal. Fizemos toda a primeira vista na Avenida Del Libertador e tudo que a cerca, como as lojas e as ruas paralelas. Vimos também, é claro, o lago argentino. Tínhamos desconsiderado uma coisa que, embora já pesquisada, passou batida: durante o verão, sol perto do polo, o dia é beeem longo, com a luz morrendo já depois das 22h. Portanto, havia tempo de sobra para fazer as coisas com certa tranquilidade. A digníssima ainda quis tomar uma cerveja na cervejaria da patagônia. Há beleza nessas coisas, né. Imagina você, tomar uma cerveja da marca patagônia na própria patagônia. É uma coisa simples mas penso ser de imenso valor. Não acompanhei uma vez que não bebo, hehehe. Mas tomei um Passo de Los Toros, que é horrível.
Jantamos no La Lechuzita, e na ânsia de experimentar o tal cordeiro patagônico acabei por cair numa massa. Não que estivesse ruim ou isso seja um problema, mas não sou eu o maior fã de massas. Dali, emendamos na orla do Lago Argentino, que parece o litoral sem ondas. Fui cobrado, no hostel, por um outro funcionário sobre a situação de pagamento, fiquei deveras incomodado uma vez que ficaríamos ali por um tempo e já tinha avisado a recepção sobre as conversas com o booking.
Iríamos, no dia seguinte, El Chaltén, e acordamos cedo para tomar café e pegar a estrada. 3h entre uma cidade e outra. Resolvi a situação da hospedagem, pagando com o propróio Wise mas em pesos, a conversão é automática e ficou muito mais barato que o valor inicial, uma economia de uns trinta dólares. Assim o fizemos e, ao cruzar aquele portal supracitado, o guarda nos parou. Pediu documento e a parada demorou mais tempo. Com algum reparo do guarda as informações na "placa", comecei a ficar preocupado. Ele sinalizou logo para que eu encostasse. Faço lembrar que, terceiro dia na terra argentina e com o espanhol que conheço falado de maneira, por dizer, bem desconexa do que imaginava, pedi a digníssima que tomasse a frente da situação. Mesmo porque, de todo, a reserva do coche era no nome dela. O policial, tomado de boa vontade mas com um sotaque deveras carregado, acabou, depois de muitas tentativas elucidando a situação: não há dinheiro para fabricação de placas, as chapas, no país. Daí a possibilidade do papel colado no para-brisa, frontal e traseiro, identificando o veículo. No entanto, aquele coche, a permissão era de três meses, e aquela altura, a data já fora superada em dois. Explicou que, em tese, deveria aprender o veículo. Mas que - aqui é o ponto mais engraçado da história: ele entendia toda a situação e, por isso, nos deixaria passar, fazendo vista grossa. Ficou claro da maneira que ele gesticulou e isso evidenciou, ao menos para mim, a tamanha benevolência do homem. Entretanto, os pormenores da língua, ele e a companheira haviam entendido que deixaríamos o carro no aeroporto e iríamos embora. A verdade é que teríamos que passar ali ao retornar para a cidade. E explicamos isso a ele. A orientação, então, foi que voltássemos a cidade e fizéssemos a troca do carro. Voltamos, com algum protesto, trocamos o carro e seguimos nosso caminho.
A intenção, como dito, era ir a El Chálten, mas esse contratempo nos custou, só, 4 horas. E considerando o fato de que a cidade estava há três horas de nós, seis ida e volta, evitamos. Nada poderíamos fazer lá, tampouco valeria a pena.
Mas seguimos num rolê na Ruta 40, e paramos no Parador La Leona. Antes, cruzamos o Rio Santa Cruz, que deságua as águas das geleiras no Atlântico. Quase levei um tombo daqueles ao tentar chegar as margens do rio, custou a roupa e o tênis todo cheio de carrapicho.
No La Leona, escolhemos uma refeição e fomos atendidos de maneira incrível por um senhor que nos tratou como em poucos lugares fora tratado antes. Aliás, o "Sur" do país vizinho no reservou atendimentos deveras satisfatórios. Depois da refeição, tomamos a estrada de novo para voltar a El Calafate e claro, dar uma cochilada pra continuar o dia. Nossa siesta foi mais tarde. Levantamos e, por requisição minha, fomos fazer a orla do imenso lago argentino. A hora dourada rendeu belíssimas fotos e boníssimas memórias.
Essa história continua na parte dois desse post...
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