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Lanche pós jogo |
Voltando da partida do PSG me aconteceu o que, de certo modo, havia temido ainda na segunda feira, quando li um bilhete no metrô que falava do horário de fechamento de algumas estações e linhas. Mas como tava em francês, foi pura suposição.
Eis que, na hora de fazer baldeação para a linha quatro, encontro os portões fechados. Dancei. Dancei e comecei a rir da situação tendo, na hora, a certeza de que tinha lido certo o bilhete e a informação na internet era um panorama geral, excluindo a particularidade das linhas. Naquela noite, minha linha havia fechado ainda no intervalo da partida em que estava.
Encontro uns brasileiros lendo o mapa e tentando achar uma saída, enquanto me aproximo e tento ler o mapa grande. Faço questão de lembrar que tinha comigo, o tempo todo, um mapinha do metrô no bolso. Mas na hora, acabei optando pelo maior, estampado na parede da estação, já que deveria buscar alternativas. A filha do casal diz ao pai e a mãe: acho que o moço quer ler, também, dá licença pra ele. Agradeço no bom e velho português e recebo um sorriso: poxa, nossa estação fechou. Agora temos que ver o que fazer.
Estávamos todos na mesma situação. Convido para rachar um táxi ou coisa que o valha e, não fosse direções oposta, teriam aceito. Vão embora enquanto fico estudando as possibilidades, ainda que não houvesse muito o que fazer, visto que apenas uma linha que passava ali estivesse disponível. Vem um inglês e o filho no cavalinho, meio bravo com o que acontecerá. Pergunto a ele qual alternativa tomará e se posso acompanha-los para não ir sozinho. Ele diz que usará um táxi pq já era tarde, por volta de 23h. Esqueci de mencionar, também, que a bateria do meu telefone já estava em 15%. Uber me custaria 30 euros, totalmente fora de cogitação.
Tiro o mapa do bolso e traço a nova rota. Teria que caminhar algumas quadras até o hotel ou então tomar um uber. Fora o receio de não chegar a tempo e o metrô fechar por completo. Já fora do horário de pico, o intervalo entre um e outro é maior, e chego faltando 9 minutos para a chegada do próximo. Tempo de ver um homeless ajeitando-se para dormir. Tomo o metrô e, cinco estações depois, percebo ter andado no sentido contrário. Aqui, confesso, foi a primeira vez que me bateu um cagacinho. Isso porque já eram 0h10 quando notei e desci para pegar no sentido contrário. Cada vez mais próximo do fechamento do metrô. Mais dez minutos de espera para, enfim, acertar o sentido do metrô e ir para o hotel.
Linha 9: Porte de St-Cloud - Linha 1: Franklin D. Roosevelt - Linha 4: Porte de Clignancourt - o caminho que deveria tomar.
Linha 9: Porte de St-Cloud - Linha 1: Franklin D. Roosevelt - Linha 12: Simplon Jules Joffrin - a alternativa que tive.
Quinze pra uma da manhã, quase ninguém mais na estação ou rua, pulo do metrô que cumpre sua ultima viagem de quarta. Saio da estação com outras duas pessoas e, na rua, só se vê carros estacionados, o reflexo da luz no chão molhado e as outras duas pessoas. Logo que passa a moça da minha frente, um arbusto grande começa a se mexer e o cagaço bate forte. Pensei que seria roubado, claro. Mas sigo meu caminho e, antes mesmo que passasse por ele, posso ouvir também barulhos de... ratos. Fico aliviado. Paris, de madrugada, ali, naquele arrondissement, parece meio mórbida, sem todo seu charme e se revela exatamente o que é, mas que a turismo, acabamos por esquecer: uma megalópole com seus perigos. Chego ao hotel ainda vigiando cada pedaço do meu caminho. Toco a campainha e, atendido, comento com o recepcionista que havia ficado perdido em razão do fechamento da linha, ele ri e confirma. Já era 1h15 quando cheguei e quase duas quando fui dormir.
DISNEY
No dia seguinte acordei antes mesmo do horário do café, que começava as 7h. 6h20 já estava de pé para tomar banho e arrumar a mochila. Desci, tomei o café e já voltei para escovar os dentes e pegar a mochila. Mandei até um vídeo pra casa mostrando pra minha mãe que, quase oito horas da manhã, sequer havia sinal do sol. Mas lá fui, tomei o metrô e RER pra chegar a Disney Paris. Preciso dizer que jamais pensei, por mais que muito quisesse, que visitaria a Disney. Menos ainda que seria a de Paris. Não há como negar a magia do lugar e como vale muito a pena a visita. Por azar, alguns brinquedos, entre eles o mais esperado (Star Wars) estava fechado para reforma. Mas aproveitei tudo que pude. Pra mim, o mais incrível dos brinquedos é sem dúvida o Hollywood Tower, o primeiro que fui por sinal. No brinquedo da tartaruga de "Procurando Nemo" uma coisa engraçada aconteceu. Existe a chace do "Single Riders" que é quando você está sozinho e pode tomar uma fila que reduz o tempo de espera. Lá, fiquei esperando pra ver quando me sobraria um carrinho para andar na montanha russa. Quando percebi uma família, um homem e duas crianças, logo saquei que era minha deixa. Entrei no carrinho e já cumprimentei o cidadão: bonjur! e recebi de volta. O senhor logo vira para trás e manda para as duas crianças: TÁ TUDO BEM AÍ MENINOS? Ri, lógico. Fiz o roteiro de dois parques em um só dia, já sabendo qual dos brinquedos eu visitaria. Deu ainda tempo para tirar a foto com o Mickey e comprar a foto profissa pra trazer de souvernir. Perto da hora do fim, corri para assistir a parede, coisa fina mesmo. E terminei a noite chorando, emocionado, ao ver os fogos. Não pelo Lucas adulto, mas pelo Lucas criança, que cresceu assistindo aos filmes e vendo os trailers. A vida, senhoras e senhores, é belíssima.
O dia seguinte era o dia do inadiável: Louvre. Acordei e me apressei para sair de modo que conseguisse ver o nascer do sol ao pé da torre. Com o tempo aberto, deu muito certo. Foi o dia mais limpo que peguei por lá. Enquanto tirava algumas fotos e via o nascer do sol, um cara de um país mulçumano cuja nacionalidade exata não me lembro, pediu para tirar foto dele. Fiz trocentas fotos, que ele queria e depois ele se ofereceu para tirar minha. Embora meu telefone tenha um hardware atual, estava todo fudido, com película e tela quebrada. Dava pena. Sem muita cerimônia o dito cujo mandou um: posso tirar com meu iPhone se preferir. Humilhado!Da torre, aluguel uma bice e fui até o Louvre, margeando o Sena. E lá, fiquei por cinco longas horas. Já tinha sondado o que queria ver e, portanto, corri logo para ver a Monalisa. Tava vazia, sorte a minha. Uma carioca tirou as fotos pra mim. Tava muito sossegada mesmo. Talvez por conta do horário, era perto de dez. Até a entrada foi rápida, mesmo entrando pela pirâmide. Não sei se por que o dia não tinha movimento mesmo, ou em razão do Museum Pass. Fato é que foi tudo muito rápido. Foi um parto achar a parte do Egito Antigo, mas valeu todo o esforço e eu gastar o inglês com os apoios no museu. Destaco também Os Apartamentos de Napoleão - INCRÍVEL em caixa alta mesmo. O quadro "Le sacre de Napoléon e tantos outros ali, de tamanho inimaginável, me deixaram perplexo. Gastei bons minutos admirando tudo.
Tudo no museu é incrível. Não dá pra fugir do clichê que convida de hora em hora: tem muito do que cresci vendo nos livros da escola e que, na maior parte da minha vida, pareceu algo inalcançável.
Muitos souvenirs depois, deixei o museu e fui procurar um almoço. Já era tarde, então optei por algo leve: Croque Madame - que eu pedi como Croque Monsieur, mas logo já avisei a garçonete: would like that one with egg, you know?. Tava delicioso. Enquanto comia, um grupo de brasileiros entrou conversando perto dali e levou um senhor esporro por já ter ido logo sentar na mesa.
Fui ao Jardin des Tuileries e fiquei por ali um tempo, pensando no que estava vivendo. Por mais que pra muita gente uma viagem ao exterior seja coisa corriqueira, pra mim era, literamente, um mundo novo. Nunca ninguém na minha família, por parte de pai ou de mãe, pois os pés fora do Brasil. Eu não tinha sequer referência e fui - e tudo deu certo. Lembro de um dia que meu tio estava assistindo um vídeo no youtube que mostrava vários brinquedos nos parques da Disney e Universal e ele veio comentar que, durante toda a vida, estivemos no Brasil. Não podíamos sequer pensar que, em dado momento, o contrário teria acontecido. Fiquei pensando que tinha deixado isso para trás.
Voltei, peguei outra bicicleta e fui margeando o Sena para, enfim, tirar foto com a torre. No caminho, passei por um túnel com um pequeno monumento, comecei a pensar se teria sido ali o local do acidente que matou a Princesa Diana. Quase chegando no Trócadero, pedi a duas pedestres que me fotografassem de bici com a torre. A japonesa se assustou, mas a amiga foi benevolênte e fez a foto, uma das minhas preferidas.
Fiquei mais algum tempo ali, vendo a torre, antes de tirar fotos. Era realmente muita coisa para pensar.
Voltei ao local para confirmar e ver de perto: era mesmo o túnel do acidente da princesa. E todos aqueles negócios eram homenagens a Ladie Di.
Fui para o Arco do Triunfo, tirei algumas fotos, subi as trocentas escadas e fiquei ali até a torre acender e piscar, já que onze em cada dez dicas do instagram disseram ser este um momento imperdível. Bobagem, na minha opinião. Achei cafona. Desci, vi o mini museu que tem lá e fui comer na Champs Elysee. Me dei conta então de que não tinha visto o Louvre a noite. Volto eu pra lá, de metrô, e vou conferir. No caminho acho uma loja de doces que tem o chocolate que meu tio pediu e outros, comprei, lógico, louco pra provar um monte de tranqueira. Aprovei todos!
É muito bonito o exterior do museu a noite. A pirâmide, a áurea que o envolve e tudo. É fácil de entender o tamanho do hype. Já certo de que não tinha mais tempo para muito, decidi que meus últimos momentos na capital francesa seriam em frente a torre. Voltei e comprei um cachorro quente de valor absurdo, para comer enquanto a olhava - voltei de bici, é claro. Terminei a refeição, voltei para o hotel porque no dia seguinte, antes mesmo da luz do dia, voltaria ao Brasil. Valeu cada segundo!
Até mais!
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