Como eu disse no post anterior: Férias no velho continente: Portugal, a viagem surgiu assim, na cabeça, de maneira repentina. Mas desde o primeiro momento, Paris era a a estrela principal.
PARIS
Saia cedo do Porto o voo para Paris. Pedi então para que o Mauricio me levasse (porra, realmente não dá pra mensurar a força que me deu nessa viagem). E ele determinou: então não vou dormir, não. Já que precisava estar no aeroporto às 4h.
Foi a primeira vez que voei num Embraer. Sentado bem no fundo do avião, senti, por alguns momentos, o chacoalhar forte da aeronave. Por alguns momentos, visto que dormi a maior parte do trajeto. Entre Paris e o Porto são 2h30, mas quem decola às 6h só pousa as 9h, dada a diferença de fuso horário.
Tão logo sai do avião, tive o choque do idioma que o Mauricio havia dito. Não tinha mais placas em português. Já devidamente informado sobre como proceder na chegada a Orly, procurei logo informação de onde comprar o Navigo Découverte. Lá, me informou um senhor do guichê de turismo que era mais vantajoso ir de ônibus até determinada estação e de lá, baldear para linha 4, a linha que me levava para o hotel. A principio tomara o Orlyval, que é um metrô (?), mas sairia uns vinte euros mais caro. Me perguntou de onde era, e quando disse ser do Brasil, ele me respondeu com um "Ótimo, então vamos falar português!" e falou português... de Portugal. Não que seja um problema, é claro.
Fiz o passe e segui a recomendação do ônibus. Já cheio, perdi logo alguns euros que correram da minha mão dentro do ônibus. Antes de descer, foram recuperados. No ônibus o fedor de suor já dava a síntese do que seria encarar o transporte publico parisiense.
Não sei direito o que rolou em Paris no dia 9/01, mas o ônibus não pode ir até sua paragem final graças a um bloqueio policial. E eu, tantas outras vezes no mesmo dia, desviei a rota graças a bloqueios no meio de toda a cidade, mas só na segunda. Deve ser o ônus de viver sempre sob ameaça terrorista.
No hotel o check-in só era permitido a partir das 16h, o que me deu a ideia de largar lá a mala e flanar pela capital francesa. Quando perguntada sobre um early check-in, a recepcionista disse ser possível. Subi, tomei um banho e deitei para dormir uma horinha "vou acordar as 13h30 e então saio". Acordei as 16h30. Não tinha dormido, né.
Allez
Primeira foto que pedi que alguém tirasse pra mim na França. Como tava meio tímido, aproveitei que ouvi um grupo de brasileiros, fluminenses, para fazer a foto. |
Tomei outro banho para acordar de vez e fui a Montmartre, que ficava perto do hotel. Flanando pelo bairro adorado por turistas, vi diversas cenas extremamente parisienses.
Fui até a Sacre Coeur, muito impressionante, para conferir o templo religioso. Tão logo ia subindo as escadas, já me veio um daqueles pega-turista para amarrar a fitinha no meu braço. Disse não de maneira cisuda e não houve problemas. A entrada é gratuita e a igreja é muito impressionante. Lá fora é possível ver boa parte da cidade. Foi a primeira vez que vi a Torre, ainda que de longe, acesa, no horizonte. Garganta tava meio zoada e parei para comprar remédio... Ali vi que era capaz de me virar, mesmo, em outro idioma. Comprei um remédio numa boa e segui meu rumo. Parei no Deux Moulins, famoso por aparecer no O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Mandei ver no Créme Brulee e fiquei assustado com o preço: 9€. Vinha de um lugar onde esse mesmo dinheiro comprava quase um almoço. Senti que as coisas tinham mesmo mudado.
Segui para o metrô já que queria ver a Torre Eiffel. Desci longe da torre, para flanar por Paris. Um certo azar em dizer que, serenava muito. E nessa caminhada, do nada, acabei parando na Champs Elysees. Decidi caminhar pela avenida e para no Arco do Triunfo, ondei comprei meu Museum Pass (super recomendável para quem vai usar e abusar dos museus). Passe para quatro dias custou 70€. Como o passe tem validade a partir do primeiro uso, optei por esperar a terça feira para dar inicio, dessa forma poderia aproveita-lo mais. Desci do arco, observei por um longo tempo e tomei direção a torre. No caminho, quando cheguei pela primeira vez as margens do Sena, pedi a um americano que me fotografasse. Optou por escolher um filtro que deixou a foto bem ruim. Caminhei as margens do rio pensando na vida, naquele momento e nas escolhas certas que havia tomado. Foi um momento muito bom, mesmo.
Lá, observei-a por um longuíssimo período. Até cruzar a ponte para ir até o Trocadero e continuar a apreciação. Já era umas 22h quando decidi ir embora. Era isso. Como disse, era o primeiro momento pra conhecer o terreno.
No dia seguinte, acordei cedo disposto a fazer o que mais queria na capital francesa: Versailles.
THIS, MADAME, IS VERSAILLES — Marie Antoinette (2006) Dirigido por: Sofia Coppola
Até queria ser mais fotogênico ou coisa do tipo, afinal, estava no Jardim do Palácio. Mas era um vento do cão e eu queria me guardar e não abusar da espanhola que me fotografou com gentileza ímpar. |
Versailles é o lugar mais incrível e indescritível que já pude estar. Estão ali todos os símbolos da riqueza dos franceses ao longo da história. Não que Paris, em si, seja diferente. Mas estar em no castelo é frequentar as figuras dos livros que costumamos ver durante a vida escolar. Não há mesmo muito que eu possa dizer a respeito, por que tudo vai parecer deveras insuficiente dada a dimensão de tudo aquilo. Então fica o serviço: se vai a Paris, opte por uma visita ao castelo. É incrível ver de perto tudo aquilo. O aplicativo oficial do museu disponibiliza gratuitamente áudio guia, disponível em Português de Portugal, muito completo.
Salão dos Espelhos - Sonhei com esse lugar por muitos dias, ainda que Paris não fosse, exatamente, um sonho. Mas o Palácio era. E era, também, a joia da coroa dessa viagem. Que lugar espetacular! |
Saí de Versailles precisando almoçar. Tomei o RER e fui ao centro da capital francesa. Lá, acabei optando por um lanche rápido e nada saudável do Carrefour. Assim, consegui ir ao "Les Invalidez", museu foda que abriga peças reais de batalhas. Não é muito comum aparecer em guias, por não ser exatamente interesse comum, mas vale muito a visita. É lá, também, que se pode ver a Cripta do Imperador Napoleão. Passei horas no lugar rodando tudo o que podia. E depois fui ao Duomo que abriga o tumulo do homem.
Dali, segui para Champs Elysees já que estava afim de experimentar o fastfood americano, que não tem aqui na terra tupiniquim. A gente é meio merda mesmo, né... vai pra França pra comer fast food americano (ô vidinha!). Era a janta...
Não esperava que fosse dar pra ver jogo em Paris, mas calhou de ter um Paris FC vs Dijon, pela segunda divisão, perdidaço numa terça a noite. Ótima pedida. Hora de pegar o mapinha e ver como chegaria ao Charlety. Easy peasy lemon squeezy...
"Quero um ingresso para o setor onde fica a maioria da torcida" - 15 euros e lá estava. Sem precisar comprar online, sem corre-corre. Cheguei cedo, é verdade, mas queria sentir o clima.
Gostei mesmo dessa foto, uma das minhas preferidas de toda a viagem. Tirada no intervalo. |
Lá, tentei até tomar meu lugar, mas vi que não era preciso, uma vez que não era necessário.
Ao pedir ajuda, recebi o atendimento de um senhor, a trabalho, que conversava com um torcedor. "Where you from? Oh, Brasil? So we can talk spanish?"
Ri meio sem graça e disse que era em inglês ou português, e aí o cidadão do lado se revelou um tuga. E logo me perguntou sobre... Flamengo? Disse a ele que não, que no caso, era Palmeiras, e ele disse conhecer. Não levei fé. Tava bebaço. Ainda curti a garota batendo bola ali perto, sob as arquibancadas.
Quando começou a partida, a torcida fez dela o que se esperava: uma festa. E os locais venceram por 2x1 com gol nos acréscimos. Me diverti a vera e, claro, tomei chuva. O publico? Não deve ter chego a mil pagantes. Mas é o tipo de jogo do qual estou acostumado. Registro ainda que, trinta do segundo tempo, jogo mais frio que o tempo, comecei a cogitar ir pro hotel que dali, nada mais sairia. Primeiro pq já não era cedo, segundo pq o clima realmente incomodava. Estava o dia todo na rua. Caminhei, nesse dia, por 25km. Mas felizmente, decidi ficar. E tive a certeza da escolha certa quando saiu o gol nos acréscimos e o frenesi tomou conta. O vídeo de resumo da peleja pode ser visto aqui: Paris FC 2 x 1 Dijon.
Antes de ir para o hotel, ainda passei pra comprar uma ultima coisa para comer. A moça não falava inglês. Foi na mímica.
Quarta foi um dia ruim. Perdi a hora, acordei tarde até para o café do hotel, que perdi. Era o dia do Louvre. Acabou sendo o dia de quase nada, na verdade. Me senti um lixo. Fui ao Louvre pra ver a pirâmide e cogitei entrar, já que o meu ingresso dava direito a qualquer dia. Mas pensei que não. Já que havia perdido o dia, iria apenas andar pela capital francesa. Dali pro jardim em frente e saindo pro Museu D'orsay, mas antes uma parada para o almoço. Ali perto do museu, pedi um Plat du Jour, um peixe... Lembram, nada deu certo naquele dia.
Entrei no museu e vi uma fila seguida do anuncio: deixe sua bagagem aqui. Tomei a fila para descobrir, depois, que a mochila de costa eu poderia manter. Mas pra não dizer que não perdi a viagem, deixei também o casaco mais pesado. É imenso e reúne obras diversas o museu. Meu interesse real era a galeria de Vincent Van Gogh. É muito louco se deparar com essas obras, ver nela as marcas, as pinceladas e tudo. Infelizmente, um papel na parede traz consigo a decepção anunciada: o quadro mais famoso e o que mais queria ver, Noite Estrelada, estava em exposição em Los Angeles. Não pude ver, lógico. Mas vi todas as outras e, confesso, é realmente chocante ver de perto as obras que a gente viu um sem número de vezes no livro da escola, filmes e etc. Já fui logo saindo do museu e ao pegar o casaco, o senhor no balcão perguntou: Já? Assenti com a cabeça ao reconhecer que, entre outras coisas, sou xucro demais para tamanhas obras de arte.
Passei num mercado para comprar algumas coisas para levar ao parque no dia seguinte. Quinta-feira iria para disney. Segui para o hotel.
Banho tomado, afinal, não precisava pegar o péssimo habito dos locais, hora de pegar o metrô e cruzar a cidade rumo ao Parc de Princes, era a segunda oportunidade que Deus me deu de ver o Messi jogar. Dessa vez torci para que ele ao menos completasse a partida.
PSG 2X0 ANGERS
A segunda chance para ver o Messi. |
Corri para comer alguma coisa, e a fila demorou a vera. Peguei um taco e descobri que teria que fazer uma volta do cão para chegar ao meu portão. E assim o fiz. Tava tão tumultuado o negócio que pensei que não conseguiria entrar a tempo. Entrei. Comprei algumas lembranças e rumei meu assento. Logo que o fiz, os times entraram em campo. Rolou então, sem que eu soubesse, uma homenagem ao Rei Pelé, que muito me emocionou. A oportunidade de saber, de pertinho, como o mundo futeboleiro enxergou o rei me pegou desprevenido. Singelo e muito terno. Do jogo não falarei, pesquise na internet. Devo dizer que o Messi fez gol e jogou, finalmente, o período todo. Link para os gols: PSG 2X0 ANGERS
Noticia da ESPN sobre a peleja. |
Após alguns minutos tirando fotos e trocando ideia com outras almas futeboleiras que esperavam a muvuca sair, tomei meu caminho. Ainda comi algo parecido com o que era o Pernil, comida de rua saindo do estádio, e paguei algo como 12 euros. A ideia era aliviar o fluxo de gente e não pegar nada tão cheio. Cai do cavalo e, mesmo após terminar o lanche, o caminho para estação ainda estava lotado. Não era preciso nem esforço para me mover, a multidão dava conta disso. A minha frente um grupo de brasileiros conversava. Uma criança, uns sete anos, questiona o pai: não sei o que tem demais estar aqui e vir ver um jogo só por causa do Messi. Sorri, bati no ombro do pai e disse: ele não sabe ainda... Aqui cabe o comentário. Ver o PSG numa partida daquelas de sempre, me custou oitenta euros. É claro que a pedida pra almas futeboleiros é ótimo. A época, PSG era dos times mais badalados do planeta. Mas há, nessa badalação toda, um fator muito marcante: é um ambiente plástificado. Você percebe que muitos ali sequer gostam de futebol. Estão para dizer: eu fui. E não pense que há problema nisso. Mas para pessoas como eu, que gostam de viver a experiência de estar na arquibancada e perceber o comportamento de diferentes torcidas, isso acaba sendo meio caído. Então, me foi muito mais divertido assistir a peleja na terça, pela segunda divisão francesa com meia duzia no estádio do Paris FC do que assistir o super PSG, isso no que diz respeito, é claro, a experiência de percepção de mundo sob essa ótica. Ingresso online, muitos portões e assentos marcados, tudo que tem em vários lugares aqui mas que, confesso, me incomodam um pouco. A oportunidade de ver Messi, mais uma vez, no entanto, é algo muito agradável de se pensar. Obrigado, Deus!
A volta pra casa não para por aqui, mas para não estender muito esse post, que já ta enorme e muuuito atrasado, farei uma parte dois, contando os causos da volta e dos dias que sucederam a quarta feira...
Até mais!
0 Comments:
Post a Comment