Tem muitas maneiras que pensei pra começar a falar sobre as férias da vida. Mas quero começar fazendo algumas considerações que julgo importante: Primeira, foi a melhor decisão que tomei em 2022;
Segunda, agradecer a pessoas que ajudaram a fazer isso realidade: Mauricio, não só por me receber na casa dele por uma semana, no Porto, mas também pelos rolês nos quais me levou, no Porto, em Guimarães, no fut na europa e em Vigo, na Espanha. Ana Caroline, por viabilizar a mala, cadeado, balança e tudo mais. Ao meu amigo Bruno, e principalmente a minha tia, que me deu uma grande força para que tudo fosse possível. De coração, mesmo, obrigado a todos vocês!
EUROPA? EU?!
Bom, tava saindo da escola numa quinta feira, véspera de feriado, e parei pra comer um pastel. É engraçado que eu me lembro com muita firmeza disso. Parei o carro e pensei: e se eu fosse pra Paris?
Pouco antes da pandemia, um amigo com quem trabalhei e que vive hoje no Japão, fez uma Eurotrip, e Versailles passou a ser um sonho ao ver os vídeos dele. Não que não conhecesse, mas ali despertou mesmo a vontade.
De imediato, mandei mensagem para agência de viagem, uma vez que seria a primeira vez que pisaria fora do Brasil, era preciso fazer isso com alguma segurança. Na terça seguinte a viagem estava marcada e comprada. Com a adição de Portugal, já que teria a possibilidade de ficar na casa do Mauricio. Do período do inicio da conversa até a compra, convidei algumas pessoas para o rolê. Mas ninguém topou. Algumas, suspeito, até duvidaram mesmo que eu fosse. Eu, sem problemas nenhum em fazer as coisas sozinho, fui sem medo.
A VIAGEM
Tudo começou bem quando percebi que meu assento fora selecionado no corredor (tenho preferencia pelo corredor) e na classe economy extra, o que me dava alguns centímetros a mais de conforto, uma vez que o voo duraria perto de 10h. Dava até pra cruzar a perna. Mas foi difícil. Mal dormi e fiquei injuriado antes mesmo do avião deixar a costa brasileira.
Quando cheguei a Lisboa me bateu logo o receio de pegar a imigração pela primeira vez na vida:
O que viestes fazer aqui, Lucas?
- Vim a turismo!
E faz o que no Brasil?
- Sou professor!
Seja bem vindo!
Aliviado, segui meu rumo até parar na esteira para conferencia de bagagem de mão. Vacilei e deixei a garrafinha d'água com líquido. Fui parado, lógico.
Tentei a todo custo ativar meu chip comprado para viagem e não funcionava. Comecei e pensar como eu chegaria na casa do Mauricio. Olhei o mapa e sabendo a estação que precisava descer, tentei memorizar o caminho. Não nasci quadrado. Esperei uma hora pra conexão e tomei o avião pro Porto. No Porto, comprei o cartão Adante e fui de metro até a estação em Vila Nova de Gaia até tocar a campainha e surpreender meu brother com a chegada. Tenho um certo orgulho em dizer que sou uma pessoa desenrolada em certo sentido. Me viro bem. Uma vez na casa dele, consegui ativar o chip.
PORTO, GUIMARÃES, VILA NOVA DE GAIA E VIGO, NA ESPANHA
Limpo e seguro. É assim mesmo que começo por que foi de tudo o que mais me pegou na cidade. A segurança em que se vive ganhou meu coração e me deu, de certo modo, tristeza, por pensar que não posso levar uma vida sem estar sempre alerta com os perigos que temos aqui no Brasil. É o que mais me encantou em Portugal.
No dia da chegada, fui a Ribeira, conferir de perto o maior cartão postal da cidade, a ponte Luís I, que atravessaria andando dias depois. E outras tantas vezes quando usei o metro. Voltei para dormir, afinal, vinha de uma viagem longa.
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Crepusculo em Guimarães |
Na terça, graças a benevolência imensa do Mauricio, fomos a Guimarães. Antes deu tempo de passar no Estádio do Dragão e conhecer, ainda que por fora, a casa do Porto. Era o passeio que eu faria de qualquer jeito, mas ele se propôs a ir comigo, e, então, fomos de carro. Oportunidade também de dirigir pela primeira vez fora do país. Curti demais a experiência, também porque o carro ajudou muito. Primeira vez atrás do volante numa BMW.
Guimarães é um rolê legal e histórico. Cidade conhecida como o Berço da Nação lusitana. Foi na cidade o meu primeiro contato com a Francesinha, que foi, acompanhada, por recomendação do garçom, por um fino super bock, a cerveja da região norte.
Na quarta e quinta fui, sozinho, descobrir a região central e mais histórica do Porto. Quando sozinho, todos meus trajetos foram de transporte publico, seja no metro ou no autocarro. Em uma das visitas havia a exposição sobre Dom Pedro I. É lógico que a história do país se confunde com a do nosso. Mas é louco ver a história do ponto de vista do colonizador, sendo colono. Duzentos anos não é nada no que diz respeito a história do mundo.
Posto isso, fiz tudo que devia ser feito no centro da Invicta. E no fim, na quinta, ainda fui pra perto de matosinhos, pra ver o sol morrer no atlântico. Foi graças a Rafael, um grande, que tomei o autocarro e fiz um passeio pela orla. Sendo, claro, informado por ele das coisas mais legais na orla do Porto.
Na sexta, fomos de bike até a praia de Miramar. Desde as férias futeboleira, em Porto Alegre, fui apresentado a possibilidade da bike em cidades por aí. Foi o Gustavo que me falou sobre as bici do banco laranja e como eram uma boa.
Por benevolência do João, que me emprestou a bike, rodamos os 12km margeando o Douro (rendeu uma belíssima foto) e depois o atlântico, até chegar na praia de Miramar. Deveras foda o rolê. Mesmo. Curti pra um caralho. No caminho ainda encontramos um senhor, meio solitário, que nos puxou pra papo para falar sobre o caminho de Santiago da Compostela. Um idoso meio sozinho que, no fim, só queria conversar.
Sábado começou com chuva e o tempo virou, mas não matou o futebol maroto do sábado. Sábado é dia de futebol e sempre será. Um almoço no shopping com vista para o estádio do Dragão e fomos pra Espanha. Em Vigo, no bar, a realidade de que se virar em Espanhol traz mais insegurança do que possa parecer. De um bar a outro, pelo centro ou pela orla praiana, deu até pra pegar um bar que tocava uma versão espanhola do Capital Inicial. Perguntei ao garçom e quem cantava na verdade era um grupo Uruguaio, se me lembro bem. O garçom cantava deveras entusiasmado. Desde o Brasil, nos sábados de futebol (sábado é dia de futebol, não se esqueçam!) Mauricio inventava ocasiões para me fazer beber. Uma vez que sua hospitalidade foi tamanha, resolvi que a ocasião pedia e, em Vigo, brindei algumas vezes. Pulo rápido na Galícia, claro, mas pareceu um lugar muito legal, mesmo, de se estar. A cidade ainda contava com a iluminação de natal, mesmo após o dia de reis: donde vive la navidad! Muito legal, mesmo. Ainda que não tenha parado de chover.
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Lanchinho em Vigo |
O domingo foi dedicado a ver a partida do Boavista contra o Gil Vicente, pelo campeonato portugues. Ainda no Brasil, anos atrás, comprei uma camisa do Boavista num brechó. Quando soube que o clube jogaria em casa na data que estaria na cidade, coloquei no roteiro e a camisa na mala. Comprei o bilhete mais barato online, 12 euros. Tomei meu portão e fui entrando. Quando no corredor, percebi o auxilio demasiado de um prestador de serviço. Soube, claro, que não era normal fosse ali o lugar dos locais.Olá, boa noite! Esse é o setor visitante?
- Oi, este é!
Poxa, comprei o ingresso mais barato. Sou do Brasil e estou com a camisa do Boa, mas preciso troca-la na casa de banho.
- Mas se quer podes ver na torcida local.
Olha, se puder, seria ótimo.
Pegou o rádio: tens aqui um gajo com a camisola do Boavista, vou pedir para descer. Vens do Brasil.
Houve até um certo sorriso das pessoas ali por estar ali, vindo do Brasil, com a camisa dos caras. E é uma camisa de 1994/95. Me alocaram no setor mais nobre, atrás dos bancos de reserva. Frio, mas nobre. Destaco a participação dos adeptos visitantes, deveras efusiva, e dos ultras do Boavista, que venceu a partida por 1x0.
De volta, passei ainda uns trinta minutos procurando o passaporte, que não sabia onde tinha colocado. E arrumei as coisas para partir na madrugada para Paris.
Porto me ganhou, mesmo, por ser um lugar seguro, limpo e que oferece as pessoas certa qualidade de vida. Isso no inverno. No verão o lugar deve ser ainda melhor, como disse meu amigo. E mais, me ganhou pelas fantásticas Francesinhas que comi. Foi uma decisão muito acertada a parada na cidade antes de seguir a França. Não imaginei que fosse gostar tanto.
Isso são, claro, pinceladas pela semana que lá passei. As lembranças e saudade, claro, seguem comigo agora. E a referência de um lugar que oferece ao seu cidadão uma vida que, se não parece a ideal, não fica longe disso. Valeu muito!!!
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