domingo, 1 de dezembro de 2024

Days like this

Perdi a noção dos dias. Não tem muito tempo, duas semanas. O membro inchado lembra sempre da condição: sem dor, mas se ousar a fazer qualquer coisa que não seja parmanecer aqui, vai doer, viu! — troco posição no sofá, na cama. Vejo filme, escrevo, tento jogar. Chega uma hora que nada mais anima. Não é que não gosto de não fazer nada, mas não fazer nada por mais de dois dias é extremamente cansativo. Serão dias que, tal qual outros tantos, passarão. Passaram. E como todos aqueles tem o detalhe da dificuldade de vivê-los. O incômodo. A certeza das dores futuras e das barreiras a superar. O maior desafio é com a cabeça. Vejo vídeos de bola, lambo com olho, como com a testa. Cinco meses. Não exatamente como diria Van Morrison, mas com certeza “there’ll be days like this”.

domingo, 24 de novembro de 2024

Otto as coisas da vida e tentar sempre fazer o que pode…

 

Ainda me lembro bem quando vi o pôster de “O pior vizinho do mundo”. Fã do Tom Hanks ensaiei, namorei, ensaiei mais e acabei não indo curtir na telona o filme. Vi a sinopse e isso acabou pesando. Deixei de lado certo de que veria em algum momento. Mas sempre que o filme aparecia ja na homepage do streaming eu namorava e acabava declinando. Pelo menos até hoje. 

Acostumado a ter em meus vinte nove anos um corpo que nada me deveu, me vi em situação contrária há três meses. Meu corpo passou a me dever. E, ainda que eu esteja tomando as medidas que preciso para voltar a minha plenitude, o corpo ainda vai me dever por um bom tempo. Menos mal, então, que eu ainda posso voltar. Graças a Deus. Nessa mão, ficou evidente algo que, embora saiba, sempre custei a acreditar: a gente não dá conta de tudo sozinho — não precisamos estar sozinho e mesmo aqueles que tentam se fazer solos, tem por aí alguma alma que zela por estes (em silêncio as vezes!). 

Daí que o filme começa com Otto deveras rabugento e a gente vai tentando entender e se por no lugar dele. Tudo muda quando Marisol, uma imigrante, insiste em não fazer o que Otto tanto deseja: ceder a rigidez e afastar. E nisso o filme vai se desenrolando e mais do que tentar se por no lugar dele, se entende as causas e as angústias. Otto, já nos atos finais do filme cita a frase que trago para o post: para aqueles que sabem que fiz o que pude, tentei o meu melhor — algo assim. 

Oras, a gente tenta sempre deixar algo de bom para aqueles que amamos e claro, para quem nos dispomos a ajudar. E linkando com começo do post: fiz hoje, em 29 anos, o que pude: aos que amo e também aqueles que pude. Não esperando que fizessem por mim, mesmo porque, quando o fazem, parece ser eu um fardo, mas por tentar fazer o que posso. Se esses dias servem de lição, que bom então que vi o filme no momento exato de aplicação da mensagem que passa, ainda que, contar com a ajuda dos outros seja mais do que necessário, mas deveras difícil de aceitar não por tratar o outro como menos, mas por se enxergar insuficiente. 

Para A man who called Otto, nota 4. 

domingo, 1 de setembro de 2024

Férias de Verão: El Calafate (parte II)

O dia seguinte reservava a visita ao ápice de El Calafate: El Perito Moreno, no Parque Nacional Los Glaciares.

Pulamos da cama cedo e já fomos logo pro café. A luz solar já bate na janela umas 5h40, mas a temperatura ainda é fria. Os ventos patagônicos são terríveis. Com nosso coche e muita disposição, caímos na estrada até o Parque. Paramos no caminho para fazer algumas fotos. É deveras decepcionante que a câmera do celular no seja potente o suficiente para captar as montanhas cobertas de neve nas imagens que fizemos. No entanto, o fizemos ainda sim. Mais a frente, paramos de novo para apreciar a beleza do lago argentino e claro, fazer mais fotos. Do centrinho até o Parque não se leva mais que uma hora, mas a ansiedade canta alto. 

No parque, tomamos a decisão que, no final das contas, pareceu ser menos sábia. Os senderos sobem e desce. Devíamos ter subido de ônibus e descido pelos senderos. Mas fizemos o contrário. Não que isso tenha sido um problema mas foi de um desgaste maior. 

Cada caminho e ponto de observação fazia a gente parar um tempo e observar o máximo que os olhos pudessem alcançar. Aquela altura, já era, sem dúvida a coisa mais bonita que tinha visto na natureza. Fizemos todos os senderos. 

Os senderos


O glaciar

Os gelos de desprendiam causando um estrondo imenso











Mini Icebergs desprendidos do glaciar

Do Mirador de los suspiros


Estrada El Calafate - Parque Nacional Los Glaciares

Tentei a foto, como disse

Pois bem, com uma frequência muito grande ouvia os despencares de pedaços de gelo que se descolavam e caiam sem dó no lago argentino. Deu até pra ver alguns desprendimentos, nenhum tão grande assim. Perto da hora de voltar, fomos a margem do lago para sentir a temperatura da água. Bárbara até molhou o pé, o que eu já optei por não fazer. Além de ventar, estava bem frio e não queria ter que por sapado com a meia molhada depois, né. Tirando fotos por ali, consegui pegar, sem querer, o desprendimento do mini iceberg ao fundo da Bárbara, que não viu o fato acontecer, mas saiu com uma foto no exato momento em que se desfazia. O lago argentino, sobretudo naquela região, é cheio desses mini icebergs. 

Na saída do Parque, um casal colombiano pediu carona para Bárbara, que aceitou e eu, por tabela. Não é que não queria dar carona, é que, como todo bom medroso que se prese, a ideia de ter alguém no meu carro não mediado por um app do tipo bláblá me parecia deveras insegura. Só depois, no entanto, fui perceber que o hábito é visto com extremo bons olhos naquela região e pelos turistas ali. Eles, o casal, foi quem disse que já haviam ido até lá dessa forma e estavam a voltar. Eram mais jovens do que nós e conversamos bastante, de certo modo. Até tomar uma estrada rumo a uma estância que a Bárbara queria mas que, no meio do caminho, percebemos não ser assim tão boa ideia e parar no primeiro bar que havia. O bar, por sua vez, parou no tempo. Era totalmente deserto e, confesso, parecia estar ali mais por teimosia e vontade de existir que, de fato, ser algo viável. Era um negócio de família. O calendário e agenda mais novos que vendiam datava 2012. Tomamos um café e comemos uma torta e seguimos rumo a nossa casa. 

E vou resumir os outros dias em passeios sem tanta pompa assim e a vontade de fazer alguma
s coisas que, infelizmente, não nos foi possível graças aos valores exorbitantes do local. Se for até lá, saiba você, os preços são cobrados em dólar. Em um dos nossos rolês, inclusive, achamos um Guanaco morto, parecia ter sido atacado por algum outro animal, visto que havia um grande pedaço de couro faltando nas costas. Deu até tempo da digníssima ficar um pouco ruim, graças ao ar seco do local.

Num desses dias, fizemos um almoço incrível no La Lechuza, provavelmente o almoço mais gostoso e bem servido que já tive numa viagem. Noutro dia deu até pra achar o estádio local, simplesmente passeando e conhecendo a pequena cidade. Coisa de louco, eles me procuram. Tomei sorvete de Dulce de Leche no Heladeria Tito, que por sinal, estava deverás saboroso. 



Vimos gente fazendo um esporte que não sei o nome no lago argentino, diretamente beneficiado pelo forte vento do lugar. E claro, compramos nossas passagens até El Chaltén, que ficará para outro post. 

Nossa última noite na cidade foi marcada por um jantar no Don Pinchon, um restaurante com a melhor vista da cidade e de comida muito saborosa. O Cordeiro patagônico não deu pra um tapa. E o postre foi igualmente delicioso. 


Vimos gente fazendo um esporte que não sei o nome no lago argentino, diretamente beneficiado pelo forte vento do lugar. Ainda deu tempo de dar um pulinho no cassino, caçar a visão do céu na estrada escura no cair da noite. Todas essas fotos seguem ao fim desse post, e outras fotos também.

E claro, compramos nossas passagens até El Chaltén, que ficará para outro post. 

Até mais!
















segunda-feira, 8 de julho de 2024

Férias de Verão: El Calafate (Parte 1)

A breve passagem por Buenos Aires era pra ser isso mesmo, uma passagem. Resolver as coisas por si mesmo e não ter preguiça de ler e se informar sobre permite coisas do tipo. Quando vi que os voos chegava e saia do Aeroparque, bem na cidade, não deu outra. Optei pela escala mais longa justamente para ver a capital portenha. Conhecer é muito forte, uma vez que não fiquei nem um dia na cidade. Essa parte, ida e volta, está toda documentada nesse post: Buenos Aires


No dia seguinte a chegada no país vizinho, tomamos o avião rumo a El Calafate, e ali ficaríamos pelos próximos dias. O voo longo equivale a ida de São Paulo a Buenos Aires, 3h. Curioso que no voo entre países a aerolíneas serviu um lanchinho, enquanto que a ida para a patagônia foi quase na seca: deram direito a um cafézinho ou água, quem sabe um refri. 
Duas horas e quarenta depois, já era possível avistar na janela do avião, um 737-800, as montanhas cheias de neve e o terreno semiárido.

Estrada do Aeroporto até El Calafate

Chegamos no aeroporto já caindo para locadora de veículos, uma vez que tínhamos pego um coche para a primeira semana. Quando o cara nos levou para as vagas, fiquei torcendo para que fosse um Argo, pura bobeira, é verdade, mas ainda sim me parecia mais carro que o Etios. Para meu azar, era o Etios. Durante a vistoria, percebi a falta da placa, que o funcionário indicou ser a estampada no vidro, uma vez que a placa nova ainda não havia sido emitida. Achei um tanto quanto inusitado, mas em outro país, naquele (no bom sentido e quase literal) fim de mundo, agi com normalidade. Depois de tudo feito, ao entregar a chave o aviso: tenha cuidado com o vento, não abra a porta sem segura-la e dirija sempre mais pro meio da estrada.  Tudo muito bom, tudo muito bem. Na estrada que levava até a cidade, o portal era também uma espécie de comando fixo, ou seja, a polícia vigiava quem entrava e quem saía. Parados, claro. A moça pede habilitação da digníssima e manda seguir viagem. 

No hostel, fomos informados de que o pagamento via Wise era cobrado com uma taxa adicional, que era cerca de 20 dólares a mais. Totalmente fora de cogitação, uma vez que o valor que carregávamos no cartão era contado justamente para pagamento das hospedagem e não tínhamos efectivo para pagar a acomodação. Com compreensão ímpar da recepcionista, deixamos para resolver depois. O booking não nos ofereceu suporte algum. 



Tinha cachorro por todo lado

Andando pela cidade

Já era 16h e saímos para dar aquela primeira rodada na cidade, ver as coisas e tal. Fizemos toda a primeira vista na Avenida Del Libertador e tudo que a cerca, como as lojas e as ruas paralelas. Vimos também, é claro, o lago argentino. Tínhamos desconsiderado uma coisa que, embora já pesquisada, passou batida: durante o verão, sol perto do polo, o dia é beeem longo, com a luz morrendo já depois das 22h. Portanto, havia tempo de sobra para fazer as coisas com certa tranquilidade. A digníssima ainda quis tomar uma cerveja na cervejaria da patagônia. Há beleza nessas coisas, né. Imagina você, tomar uma cerveja da marca patagônia na própria patagônia. É uma coisa simples mas penso ser de imenso valor. Não acompanhei uma vez que não bebo, hehehe. Mas tomei um Passo de Los Toros, que é horrível. 

Ai começou a bater uma sensação gostosa ao tempo que era realmente impressionante: eram nove da noite e ainda dia. Sempre quis viver isso, mas pensei que viveria na Europa ou quem sabe EUA, um dia. Isto é, se vivesse. Aconteceu aqui, do ladinho de casa, na América Del Sur. Se o inverso vivido um ano antes tem seus pormenores, o contrário é uma delícia de viver. 


Jantamos no La Lechuzita, e na ânsia de experimentar o tal cordeiro patagônico acabei por cair numa massa. Não que estivesse ruim ou isso seja um problema, mas não sou eu o maior fã de massas. Dali, emendamos na orla do Lago Argentino, que parece o litoral sem ondas. Fui cobrado, no hostel, por um outro funcionário sobre a situação de pagamento, fiquei deveras incomodado uma vez que ficaríamos ali por um tempo e já tinha avisado a recepção sobre as conversas com o booking.  



Iríamos, no dia seguinte, El Chaltén, e acordamos cedo para tomar café e pegar a estrada. 3h entre uma cidade e outra. Resolvi a situação da hospedagem, pagando com o propróio Wise mas em pesos, a conversão é automática e ficou muito mais barato que o valor inicial, uma economia de uns trinta dólares. Assim o fizemos e, ao cruzar aquele portal supracitado, o guarda nos parou. Pediu documento e a parada demorou mais tempo. Com algum reparo do guarda as informações na "placa", comecei a ficar preocupado. Ele sinalizou logo para que eu encostasse. Faço lembrar que, terceiro dia na terra argentina e com o espanhol que conheço falado de maneira, por dizer, bem desconexa do que imaginava, pedi a digníssima que tomasse a frente da situação. Mesmo porque, de todo, a reserva do coche era no nome dela. O policial, tomado de boa vontade mas com um sotaque deveras carregado, acabou, depois de muitas tentativas elucidando a situação: não há dinheiro para fabricação de placas, as chapas, no país. Daí a possibilidade do papel colado no para-brisa, frontal e traseiro, identificando o veículo. No entanto, aquele coche, a permissão era de três meses, e aquela altura, a data já fora superada em dois. Explicou que, em tese, deveria aprender o veículo. Mas que - aqui é o ponto mais engraçado da história: ele entendia toda a situação e, por isso, nos deixaria passar, fazendo vista grossa. Ficou claro da maneira que ele gesticulou e isso evidenciou, ao menos para mim, a tamanha benevolência do homem. Entretanto, os pormenores da língua, ele e a companheira haviam entendido que deixaríamos o carro no aeroporto e iríamos embora. A verdade é que teríamos que passar ali ao retornar para a cidade. E explicamos isso a ele. A orientação, então, foi que voltássemos a cidade e fizéssemos a troca do carro. Voltamos, com algum protesto, trocamos o carro e seguimos nosso caminho.

 A intenção, como dito, era ir a El Chálten, mas esse contratempo nos custou, só, 4 horas. E considerando o fato de que a cidade estava há três horas de nós, seis ida e volta, evitamos. Nada poderíamos fazer lá, tampouco valeria a pena. 
Mas seguimos num rolê na Ruta 40, e paramos no Parador La Leona. Antes, cruzamos o Rio Santa Cruz, que deságua as águas das geleiras no Atlântico. Quase levei um tombo daqueles ao tentar chegar as margens do rio, custou a roupa e o tênis todo cheio de carrapicho. 



No La Leona, escolhemos uma refeição e fomos atendidos de maneira incrível por um senhor que nos tratou como em poucos lugares fora tratado antes. Aliás, o "Sur" do país vizinho no reservou atendimentos deveras satisfatórios. Depois da refeição, tomamos a estrada de novo para voltar a El Calafate e claro, dar uma cochilada pra continuar o dia. Nossa siesta foi mais tarde. Levantamos e, por requisição minha, fomos fazer a orla do imenso lago argentino. A hora dourada rendeu belíssimas fotos e boníssimas memórias. 





Essa história continua na parte dois desse post... 



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